sexta-feira, maio 27, 2005

Prefácio

Assim é que elas foram feitas (todas as coisas) -
sem nome.
Depois é que veio a harpa e a fêmea em pé.
Insetos errados de cor caíam no mar.
A voz se estendeu na direção da boca.
Caranguejos apertavam mangues.
Vendo que havia na terra
dependimentos demais
e tarefas muitas -
os homens começaram a roer unhas.
Ficou certo pois não
que as moscas iriam iluminar o silêncio das coisas anônimas.
Porém, vendo o Homem
que as moscas não davam conta de iluminar o
silêncio das coisas anônimas -
passaram essa tarefa para os poetas.
(Manoel de Barros)


Por todas as coisas que adivinho em você
Pelas que amo
E mesmo assim continuo a desconhecer.
Adivinhar beleza sem ver,
é acreditar de olhos fechados.
E isso,
é pura poesia.