terça-feira, dezembro 14, 2004

sobre alice. ainda.

Ah, mas que estou me despedindo aos poucos do orkut e logo passa essa mania chata de escrever sobre mim e de começar tantas frases com "eu".
Eu prometo.

Eu sou chata pacas.
Bem chata. E uma egoísta disfarçada. E não sou muito moderna não. Jamais teria um "open relationship" no meu profile, por exemplo. Problemas de dividir, saca? Eu tive uma única Barbie a minha infância inteira. Só uma. E ela dormia de costas, mas com o pescoço bem virado pro lado. Eu ficava meio angustiada, mas achava legal alguém dormir assim. E tudo isso pra contar que ela ainda está no armário, pois que eu ainda não tive coragem de doá-la. Apego, entende? E a tal da dificuldade de dividir.
Eu tenho mania de dizer "entende?" a todo momento. A Aninha me dizia que isso incomodava. A Aninha é minha melhor amiga. Eu sinto tanta falta dela que chega a doer. Ela me trocou pelos argentinos. (Né, Aninha?)
Tem várias coisas em mim que eu não conto pra ninguém. Tem várias coisas em mim que eu não deixo que ninguém perceba. Acho que se a gente deixa ver tudo, as pessoas fogem. A gente precisa um pouco de mentiras pra viver, o Alexandre me disse isso esses dias. Acho que ele estava certo.
Mas então eu estava dizendo que eu sou chata.
Eu xingo motoristas e cobradores de ônibus quando eles me deixam meia hora na parada esperando.
Eu sou preconceituosa com mulheres peruas e homens que fazem musculação até ficarem brilhosos e com pessoas que balançam a cabeça afirmativamente sem parar quando alguém está falando.
Eu odeio todos os ônibus que comecem com letras. Especialmente o T6.
Eu queria ter sapatos confortáveis pra caminhar até o gasômetro sem reclamar. Mas eu não tenho sorte pra comprar sapatos confortáveis, pois que eu tenho muito pavor de parecer baixinha, meus critérios de compra são meio duvidosos.
Eu sou a mulher mais alta da minha família. O que não quer dizer que eu seja alta, obviamente. Eu sou praticamente analfabeta em inglês. Eu me sinto muito engraçada tentando pronunciar coisas em inglês.
Eu fico insuportável quando a temperatura passa dos 30 graus.
Eu odeio verão com toda a intensidade imaginável.
Eu comecei a fumar aos 14 anos porque eu queria muito ser blasé. Aí eu descobri que eu não tinha vocação pra ser blasé e parei de fumar. Ontem eu impliquei com a fumaça do cigarro de um cara. Fiquei assustada.
Eu adoro dizer extremamente. E quase todas as coisas terminadas em mente. Eu gosto de palavras que soam bonito quando são ditas.
Eu já quebrei tantos copos na minha vida que daria pra abrir um bar. Eu quebro coisas na casa dos meus amigos. E na minha também, não pensem que é privilégio.
Meu apelido na creche era "foguete sem rabo". Nunca entendi a parte do rabo.
Eu sou ciumenta e possessiva. Eu espero amor incondicional das pessoas, sempre. Eu amo incondicionalmente, mesmo quando não parece.
Eu fico profundamente magoada com pessoas que fingem não me conhecer na rua. Ou em qualquer outro lugar.
Eu não aprendi ainda a não me importar com o que as pessoas acham de mim. Pelo menos algumas.
Eu danço sozinha em casa e me mato de rir.
Eu já fui mordida por um cachorro. Eu já fui mordida pelo meu gato. Eu não gosto de ser mordida nem por um, e nem por outro.
Eu dou bom dia para o meu gato de manhã.
Eu sempre morri de inveja de quem sabe desenhar.
Eu acho a Juliane Moore a mulher mais linda do mundo.
Eu não entendo os filmes do David Lynch.
Eu gosto de entender coisas.
Eu não decifro charadas.
Eu não sei jogar xadrez.
Eu não sei assobiar.
Eu jamais teria coragem de saltar de pára-quedas, mas eu digo pra todo mundo que sim.
Eu gosto mesmo é de ser paparicada.
E eu nunca pintei o cabelo.

E ah, eu não estava triste no sábado, não.
Era só decepção.
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