domingo, fevereiro 20, 2005

Ela X Ele na cidade sem fim

(De uma série que começa hoje. Espero que sejam muitas outras tantas e bonitas histórias por contar.
Como daquela música do Fito Paez do menino e da menina que "podem mais que o amor" e que eu tentava aprender a cantar ontem.
Um dia eu vou conseguir.
Sim?)

Tinha um menino triste com os olhos grudados no violão no exato momento em que ela caminhava sem rumo pelas ruas sonolentas de uma primavera sem fim.
Tinha um menino triste escrevendo palavras bonitas num caderno quando ela parou em frente a uma livraria qualquer decidida a comprar um livro novo.

(O que ele escrevia nesse caderno ela nunca poderia ler. Mas - contaram - eram lindas poesias com o nome dela.)

Tinha o menino triste de olhos tão escuros e bonitos, tão bonitos, a contar os passos pela rua esperando pelo que iria acontecer no momento seguinte. Ele sempre esperava que algo acontecesse. De vez em quando "abria a mão subitamente e deixava um passarinho voar".

Tinha ela, a escancarar portas e janelas para deixar que o sol - e o vento- pudessem novamente entrar, e ela saísse a desenhar flores pela calçada.

E teve o dia. O dia. Em que ela ia, a caminhar sem como; e ele também ia, a caminhar sem onde. E no meio de tudo, das flores na calçada, dos passarinhos voando, dos olhos baixos e das janelas escancaradas pelo vento, no meio de tudo isso, em frente a um casarão antigo, eles se viram. E se reconheceram. E se encontraram. E foi assim que.