segunda-feira, outubro 31, 2005

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Há de se aprender a desacreditar aos poucos, desprender-se aos poucos, apagar aos poucos todas as cores que se adivinhavam e que no final de tudo se mostraram violentamente irreais.
Há de se criar novas. Ou descobri-las de fato como são, e não como se cantavam ser.
Há de se tocar o próprio coração, niná-lo e fazê-lo finalmente dormir.
Há de se entender que não existe beleza absoluta e que todo mundo carrega em si a origem de todo o caos.
Há de se constatar que não existem águas calmas onde se deitar nem um céu absoluto para se olhar.
Há de se respirar fundo, de se respeitar fundo, de dissipar as mágoas, de limpar o véu dos olhos, de cessar os gritos de cessar os gritos de cessar os gritos.
Há um tempo de silenciar, de ouvir, de deixar de buscar, de deixar de idealizar, de entender o que é, o que foi, o que virá a ser.
Há de se tentar entender mesmo quando não há entendimento nenhum que pareça possível.
Há de se buscar o encanto perdido, a felicidade idealizada, os beijos de criar estrelas.
Há de se acreditar bonito, saber bonito, brilhar bonito.
Há de se acreditar especial novamente, mesmo quando tudo mente, mesmo quando tudo engana, mesmo quando tudo se trai.
Há de se dizer que sim, talvez.
Que sim, talvez.
Que sim.
Talvez.