quarta-feira, outubro 19, 2005

é o que dizem

Eu não tenho sono e meus braços num arrepio permanente que eu trouxe da sala gélida. Eu não consigo escrever. Eu não escrevo cartas, eu não escrevo e-mails, eu não escrevo nada, eu não consigo falar ao telefone, eu inquieto, eu me inquieto, eu não consigo fechar os olhos pra esperar sorrir pra esperar dormir pra esperar quê. Eu caminho, eu sorrio, eu abraço, eu produzo, eu procuro, eu encontro, eu tonteio, eu vôo, eu dôo, eu enjôo. Eu estranho, eu digo que sim que não que sim. Eu não deixo o sol entrar mas ele abre as janelas e me dá vertigens ao respirar. Eu sinto a terra tremer quando as águas deslizam dançam choram mesmo quando muito longe de mim. Eu choro delírios mas não consigo deixar que nenhum me tire novamente o céu violeta pra onde eu voltei depois de. Eu deixo o mundo inteiro a uma distância de seis léguas de amor. Eu leio até dormir pra sonhar bonito. Eu consigo imaginar o mar em intervalos de cinco minutos. Eu invento oceanos em meio ao asfalto ou a qualquer lugar que tenha pedrinhas. Mas quase sempre eu esqueço que sim.