segunda-feira, fevereiro 07, 2005

eu nunca gostei dos carnavais

Minha mãe me fantasiava quando eu era criança e me levava aos bailes de carnaval do clube.
E eu ia, envergonhada, não cabendo em mim de tanta vontade de sair correndo.
Mas eu ia.
E dançava com as crianças e pulava mas sentia muita pena delas e de mim e de tudo porque achava aquilo tão triste. Mas olhava pra minha mãe de longe me observando e sorria e fingia me divertir muito. Nunca perguntei se ela acreditava.
(Quando eu digo que as angústias de infância são as maiores todo mundo acha que é exagero.
Não é.
A angústia mora na infância. E é de lá que ela surge, e é pra lá que ela volta. A diferença é que na infância ela ainda não tem nome.)
Até o dia em que eu cheguei, toda suada e cheia de purpurina na entrada do prédio, e vi o menino por quem eu era apaixonada.
Ele me olhou de uma maneira tão divertida e eu me senti tão envergonhada que eu saí correndo pelas escadas chorando chorando chorando muito.
Cheguei em casa tirando a roupa, correndo pro banho e dizendo aos berros que não queria aquilo nunca mais.
E assim foi.