terça-feira, fevereiro 22, 2005

my dearest,

(Um textinho que agora, à noite, me parece tão piegas. Mas eu não vou deletar. Porque é assim, exatamente assim que eu sou.)
Um dia eu conseguirei descrever os desenhos todos que se formam entre os prédios, os rostos bonitos e estranhos que se desenham na calçada, as figuras surreais que eu vejo no tronco das árvores, especialmente as de plátano bem descascadas.
Um dia conseguirei escrever sobre o sonho que eu tive na infância com três luas enormes e animais imensos e outras tantas coisas que mesmo hoje, eu ainda consigo lembrar com detalhes.
Um dia conseguirei contar dos lugares lindos com que tenho sonhado. Do quanto tenho viajado, visto cachoeiras e tomado banhos de rio todas as noites.
Do quanto eu adoro os tapetes de flores que surgem na primavera.
Que eu choro horas ouvindo uma música bonita. E dias inteiros quando acaba um livro.
Que eu sonho com uma casa, uma varanda, um jardim e um jacarandá.
E um dia conseguirei contar, enfim, que o que me salva do escuro é simples assim:
Amor.
E deslumbramento.