sexta-feira, fevereiro 11, 2005

Tem madrugada alta ali fora.
Tem céu bonito, sem chover.
Tem silêncio no quarto, depois de Travis e Bob Dylan.
Tem silêncio e ventilador.
Silêncio de redoma.
Silêncio de aquário.
Silêncio de sonhos, de frases que dançam, de lembranças, as reais, as imaginadas.
Tem passeio na madrugada de Veneza, a cidade linda e melancólica.
Tem tarde de chuva, tem criança tomando banho de chuva na frente de casa.
Tem o que existe, e o que não existe. Tem tudo o que se pode inventar.
Tem o que é, e o que não mais.
Tem uma menina de tranças dançando pelo quarto com olhos escuros e curiosos de quem ainda não viu nada.
Ou de quem já viu tudo, e só sabe sorrir.
Tem uma noite em claro.
Em branco, como dizem os italianos.
Tem branco de papel.
E caneta.
E tantas,
tantas as palavras por desenhar.



Tem até tudo aquilo que eu não saberia dizer.
Ou que não precisa.
Não.