das verdades inventadas
Sonhei com uma cena de filme em preto e branco em que a protagonista gritava, do alto de um viaduto:
Meu presente pra você serão as pétalas do meu corpo em flor espalhadas pelo ar.
E se jogava.
(E a trilha sonora do vôo era Cat Power,
Names)
Sonhei que o meu menino tocava violoncelo, e o céu ia mudando de cor a cada desenho que o arco fazia.
Sonhei que caminhava por um campo imenso, e fazia vento de levinho. E a vontade de sorrir era como um instante de fotografia.
Sonhei que alguém me dizia que os momentos de felicidade absoluta são antecedidos de um arrepio incontrolável de frio. E que nem todos conseguem suportar "um momento antes de sentir felicidade".
Sonhei que desenhávamos um poema para o músico que tocava para ninguém ouvir. Mas ele não encontrava e a gente saía correndo românticos emocionados achando que sim.
Sonhei que o dia tinha amanhecido bonito,
e que a vida parecia possível e não havia gritos pelas ruas e meus olhos estavam em paz.
E que assim foi o dia todo que se seguiu à descoberta de uma estrela perdida no quarto em que eu deitava para sonhar.
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