quarta-feira, junho 08, 2005

eu quero um pato de estimação.

Nunca pensei que pato tivesse natureza-íntima tão diversa de pinto. Pinto está sempre com medo, e, além de lindo, é burríssimo, tão burro quanto a futura galinha ou galo que um dia será. Mas pato é altamente sociável, procura companhia, anda atrás da gente feito cachorro, se deixa acarinhar - e, coincidência altamente curiosa, tem o andar típico de pato. Como a gente na vida tem sido tão enganada com promessas-vãs, a gente fica boba ao ver que não estão ludibriando a gente quando diziam que pato anda como pato. Pois anda.
(de uma carta de Clarice Lispector à Elisa Lispector e Tania Kaufmann.
23 abril 1957.)