segunda-feira, julho 04, 2005

04 de julho


E não sei se porque hoje eu revi As horas, e se porque esse filme vira meu espírito ao avesso e me faz sentir com as vísceras expostas no meio da rua, ou se porque depois disso nada mais aquieta meus sentidos, e não há música que me satisfaça, não há som da rua que me acalme, não há livro que faça cessar esse desespero pálido, não há começo de frase que me faça ter vontade de seguir escrevendo, não há tristeza suficiente que me faça chorar até ficar vazia, não há convicção que me faça ter vontade de seguir por essas ruas de pessoas estranhas por que decidi caminhar.
Não sei se porque fui mimada demais, amada demais, segura demais, e tenho uma força que não sei de onde brota quando me machucam o estômago, mas em outros tão bobos sucumbo fácil, tão fácil. Não sei se porque excessivamente melodramática, não sei se porque criança de cinco anos me torno quando sinto que não, é alto demais pra mim.
E não sei se porque em momentos tantos queria a proeza de ser assertiva, reta, objetiva, sem tantas e tantas curvas e tantos e tantos ângulos, e às vezes eu queria que esse excesso de tudo em mim não acabasse por quase me consumir de tanto.
Não sei se porque minha mãe fala "o gato me arranhou e quase me matou" e eu acredito nela porque sei que sim, às vezes arranhões quase me matam também.
Não sei se porque hoje chovia muito e o menino bonito não voltou do banho de chuva.
Não sei se porque hoje meu quarto vazio e nenhuma estrela desatenta pra me fazer acender os olhos.
Não sei se porque ela canta I want to be a good woman, e eu também.
Não sei.