sexta-feira, novembro 25, 2005

Tenho me descoberto vaidosa, egocêntrica, megalomaníaca e insuportavelmente mimada. Ouvi duas vezes em menos de 24 horas que não há em mim uma nesga de humildade. Tenho chorado todos os dias de manhã. Não é tristeza, é urgência, urgência de realizações, urgência de ver os sonhos se realizando, urgência de ver projetos aprovados, urgência de ver logo esse ano modorrento e caótico acabar. Meu coração se move em ritmo de reconstrução que vem logo após uma catástrofe. Mas a catástrofe não foi completa a ponto de me fazer avistar deus ou o que quer que esteja além do tangível. Minha respiração não calma, nunca acalma, o ar que entra em mim é sempre violento, compulsivo e sedento. Tento me acalmar ante à idéia que tudo que há em mim não é suficente pra ser absoluto para outrem. Falta. Falta tanto. Falta em mim. Falta ao redor de mim. Falta. Tento também me acostumar com a idéia de que sempre há alguém na frente, sempre há alguém melhor, que eu não consigo ser o que acreditava de mim. Falta. Mas eu sigo, eu vou, em algum lugar eu sei que estará. Em algum momento eu vou descobrir o que é isso que tonteia, que me angustia, que me dá vertigens, que me cega, mas que não me deixa desencantar, mesmo quando nada mais se acredita.