quinta-feira, dezembro 01, 2005

das cores do subúrbio

Da janela do quarto em frente à arvore que gosta de dançar ventinho em frente ao beija-flor que tem cor de vaquinha em frente à rua de asfalto quente em frente ao sol do meio-dia em frente ao movimento dos ônibus que passam lentamente antes de rumar em direção ao centro em frente à divisória de fio de luz que de longe parece passarinho em frente à solidão da mulher na janela do quarto andar em frente a sua samambaia predileta em frente a sua parede de retratos amarelados em frente a seus sonhos de um lago de abril habita o amor nos olhos do menino que se esconde atrás da porta olhando sua mãe sorrir melancólica sorrir tímida sorrir irremediável mas ainda assim sempre sorrir às duas horas em ponto todas as tardes.


(Sim, era verdade sobre o falecimento do monitor.)