terça-feira, março 14, 2006

do primeiro amor,


Meu primeiro amor surgiu numa madrugada sonolenta, em que eu nada esperava nem nada antecipava e enquanto assistia da escada às pessoas dançarem loucas e embriagadas. Meu primeiro amor me enxergou, me sorriu, me pegou pela mão e me fez acreditar realmente bonita pela primeira vez na vida. Meu primeiro amor me trouxe febres, saudades violentas, me fez amar as estradas verdes e curvas, me fez sentir pela primeira vez as convulsões do ciúme. Meu primeiro amor me ensinou a fazer planos para décadas, a desafiar o mundo, a procurar desenhos nas calçadas. Meu primeiro amor me mostrou a dimensão do meu próprio grito. Meu primeiro amor me ensinou a me destruir e reconstruir, repetidas e infinitas vezes. Meu primeiro amor me ensinou a quase morrer de desespero, a não idealizar o encanto, a não acreditar em tudo o que se diz na hora da vertigem. Meu primeiro amor me ensinou, sobretudo, a desistir do amor para não ceder à loucura. Meu primeiro amor foi lindo e trágico e um dia deixou de doer, e me ensinou, ao fim, que sempre restará um infinito de amar para acreditar sempre em tudo de novo mais uma vez.