segunda-feira, agosto 21, 2006


A gente sonha sonhos na vida que um dia acaba esquecendo. Inevitavelmente acaba esquecendo. Ao menos as pessoas assim como eu, que descobrem novos quereres todos os dias, um novo desejo a cada dia. E um dia então você se dá conta, assim sem mais, que aquela alegria louca, aquela nostalgia inexplicável de se imaginar morando em uma daquelas casinhas à beira do mar que invadia as ruelas foram adormecidas, e no lugar delas surgiu a vontade de viver numa cidadezinha estrelada em minas, e depois de aprender a falar francês no canadá, e depois de ter uma filha linda com nome de duas sílabas, e depois de ser uma apaixonada professora de literatura, e depois de tocar violoncelo num pôr-de-sol de vale, e depois de escrever livros para crianças, e assim sucessivamente. Mas aí um dia você vê uma foto, ou ouve uma música, ou lembra um sorriso, ou recebe um e-mail de um amigo que tanto ama e os sonhos antigos voltam, tudo volta numa violência transbordante de afetos pra te fazer derramar inteira em saudade. Saudades. Inevitáveis amores vividos em silêncio.