segunda-feira, novembro 27, 2006

Espremida de garças vai a tarde.
O dia está celeste de garrinchas.
A cor de uma esperança me garrincha.
Engastado em meu verbo está meu ninho.
O ninho está febril de epifanias.
(com a minha fala eu desnaturo os pássaros?)
Um tordo atrasa o amanhecer em mim.
Quero haver a umidez de uma fala de rã.
Quero enxergar as coisas sem feitio.
Minha voz inaugura os sussurros.

(Manoel de Barros, o meu velhinho-amor)