domingo, agosto 27, 2006

tempo sem tempo

vê se encontra um tempo
pra me encontrar sem contratempo
por algum tempo
o tempo dá voltas e curvas
o tempo tem revoltas absurdas
ele é e não é ao mesmo tempo
avenida das flores
e a ferida das dores
e só então
de sopetão
entro e me adentro no tempo e no vento
e
abarco e embarco no barco de Ísis e Osíris
sou como a
flecha do arco do arco-íris
que despedaça as flores mais
coloridas em mil fragmentos
que passa e de graça distribui
amores de cristais totais sexuais celestiais
das feridas
das queridas despedidas
de quem sentiu todos os
momentos

José Miguel Wisnik. Salve. E nem essa letra tão linda pode ilustrar a milésima parte do tamanho da beleza que é essa música. E assim, numa manhã gelada de domingo, caminho calmamente rumo ao Teatro São Pedro pra encher meus sonhos de novos violinos. Se um dia eu compuser letras, quererão ser como as dele.