sábado, julho 16, 2005

o sábado de dona maria

Tinha uma lagartixa no meio da estrada por onde queria passar Maria Pé de Feijão Branco. Ela - a dona maria - tinha decidido passar o sábado na casa da melhor amiga que tinha prometido fazer bolo de cenoura cheiroso; e ela - a lagartixa - tinha decidido comprar um rabo de uma nova cor, andava se achando meio pálida.
Encontraram-se as duas no meio da estrada, e se olharam sérias. Dona Maria Pé de Feijão Branco pensava se deveria correr, gritar ou continuar olhando nos olhos da outra. O que a lagartixa não sabia - e nem deveria saber - era que Dona Maria Pé de Feijão Branco tinha medo-pavor-terror-apavoramento de lagartixas. Mais do que tudo no mundo.
A lagartixa, por sua vez, olhava fixo nos olhos de Dona Maria Pé de Feijão Branco, e pensava lá com ela se deveria entrar pelo bueiro, subir por uma árvore ou fingir-se de morta. Pois o que Maria Pé de Feijão Branco não sabia - e nem deveria saber - era que a lagartixa tinha medo-pavor-terror-apavoramento das pessoas, especialmente as mulheres grandes e redondas. Mais do que tudo no mundo.
O que aconteceu depois disso eu não posso contar - fiz promessa pra dona maria. Mas o que eu posso contar é que Dona Maria Pé de Feijão Branco não comeu bolo de cenoura naquela tarde. E que a lagartixa continua desfilando por aí com o mesmo rabinho pálido.
E que Dona Maria contou pro seu João que tinha visto uma lagartixa do tamanho de um crocodilo. E que a lagartixa contou pra mãe dela que tinha visto a maior mulher do mundo inteiro, e que ela tinha olhos de terrorista.
De onde se conclui que todo mundo mente um pouquinho quando conta uma história.
Fácil, né?