segunda-feira, fevereiro 20, 2006

e logo depois vem o carnaval

Eu queria ter certezas que dessem voltas em mim e me deixassem calma e segura.
Eu queria acreditar que tudo que se diz é verdade. Eu queria deixar de sentir raiva.
Eu queria voltar a sentir puro, sem névoas. Queria conseguir escrever textos em folhas soltas e deixar em cima da cabeceira dizendo que lindo. Eu queria escrever poemas olhando para o rio.
Eu queria poder sonhar e inventar planos mirabolantes sem ter medo que tudo desmorone.
Eu queria inventar verdades sem receio de encontrar máculas.
Eu queria acreditar que a realidade fantástica ainda é possível, mesmo depois de todas as provas do não.
Eu queria voltar a sentir como eu sentia, ser como eu era, acreditar no que éramos. Eu queria nunca mais ouvir gritos no coração.
Eu queria voltar a conversar descobertas e encantamentos, e nunca mais viver em busca das entrelinhas.
Eu queria voltar lá no início, e recomeçar como merecia ter sido. Mas agora não dá. E o mais trágico é a constatação pura e simples de que não há mais tempo para alguns recomeços.