sexta-feira, setembro 30, 2005

recesso

Suspensos todos os trabalhos, suspensas as músicas, suspensos os poemas, suspensas as pretensas divagações acerca das coisas, suspensos os impulsos amorosos e suspensos os delírios de amor.
Um dia volto pra esse blog, mas de alma nova e pintando todas essas paredes anêmicas de um vermelho vivo, violento e feliz.



domingo, setembro 25, 2005

Algumas pessoas em nossa vida podem ser classificadas simplesmente como um grande e completo equívoco.


sexta-feira, setembro 23, 2005

momento-do-lar

Matei meus compromissos da tarde, dei banho no gato, limpei a casa inteira e aprendi a fazer trufas delirantes, de uma gostosura digna de levar um vivente direto para o céu.
Depois disso, estou pronta pra ser vovó.


quarta-feira, setembro 21, 2005

amigosmeus

eu não escrevo e-mails, eu não ligo, eu não dou notícias, eu não presto, eu não presto.
mas é tudo uma questão de cinco minutos de silêncio no vendaval.
logo passa.


terça-feira, setembro 20, 2005

feriado

Acordei às oito da manhã com um cara da embratel aos berros dizendo "booooooooom diiiiiia" e anunciando uma superdivertidaeanimadaeótimapromoção. E eu quando desliguei o telefone pensei em avisá-lo que aqui hoje é feriado e que se ele continuasse a acordar pessoas às oito da manhã no feriado coisa boa ele não devia esperar. Mas eu pensei tarde demais e tarde demais é tarde demais.
Mas então,
a manhã começa a acontecer de fato agora, às 10 e um pouquinho. Choveu dias inteiros, sem descanso, choveu na rua, choveu em mim, choveu em todos os cantos da minha casa, da minha vida, do meu coração. Choveu tanto que os guarda-chuvas já se haviam incorporado ao cotidiano das ruas e as pessoas já desfilavam os seus numa coreografia ensaiada pelo hábito.
Mas hoje, hoje tem um lento abrir de sol e as árvores levemente douradas, refestaladas por tanta orgia de águas. É como se alguém tivesse dado corda num relógio, e a vida aos poucos recomeçasse, de outra forma, depois de um período de suspensão em que se vive, se anda, se fala, se ama, mas de uma forma autômata, aquela única que não nos deixa sucumbir pela dor.
E recomeço aos poucos, e é tão longo meu processo e tão inumeráveis as razões que ninguém que me olhe possa jamais dizer quantas rebeliões enfurecidas andam acontecendo em mim; de cada rosto irreconhecível que eu encontro ao espelho todos os dias de manhã; dos sonhos coração disparado; de todo o resto, de todo o resto, de tudo o mais, de tudo que é, de tudo que permanece, de tudo que se vai, de tudo que nunca chegou a ser de fato.
Mas ainda é cedo para saber.


sábado, setembro 17, 2005

pra não esquecer

Nas próximas horas, lembre-se de não apertar os olhos quando tiver vontade de chorar.
Lembre-se de não se encolher quando sentir frio.
(aninhar-se em si mesmo dá sensação de insuportável fragilidade)
Lembre-se de não falar quando sentir o impulso incontrolável.
Lembre-se de não gritar quando o estômago não suportar mais.
Se não conseguir, ao menos respire durante.
Lembre-se de acender as luzes, mudar as fotos do mural, comprar ao menos uma nova peça de roupa de uma cor bem linda que faça parecer primavera.
Lembre-se de não maldizer a chuva.
Lembre-se de acordar cedo, de desenhar os dias que seguirão em linhas suaves mas absolutamente retas.
Lembre-se de não parar no caminho e seguir sempre olhando lá naquele ponto lá, tá vendo?
Lembre-se que você rasgou seu peito incontáveis vezes e já deixou voar milhares de borboletas.
Lembre-se de fazer isso todos os dias de manhã.
Mas de agora em diante em direção ao céu.

segunda-feira, setembro 12, 2005

mas ah

Eu agora tenho banda larga e enquanto eu não cansar da novidade nada tira meu bom humor.
Mas vai chegar o dia
em que o Programa do Ratinho vai baixar com tudo por aqui.
Ah, vai.


assim

depois da raiva, da vontade de matar, de chorar, de defenestrar uma meia dúzia de gente, começo a tentar me convencer de que fofocas imbecis espalhadas por essa província minúscula e decadente só podem significar que estou ficando muito famosa.
Rá. Rá. Rá.


sexta-feira, setembro 02, 2005

(...)


É engraçado mexer nas minhas próprias coisas e me descobrir lendo coisas e achando bonito, ou achando absurdamente melodramático, ou me surpreendendo com o quanto eu consigo ser pretensiosa quando escrevo. Mas o fato é que me procurar em meio aos escritos é a forma mais eficiente de não me assustar nas vezes em que me olho no espelho, e estranho minhas olheiras - a cada dia mais fundas - meus olhos - a cada dia mais escuros e evasivos - e minhas mãos - a cada dia mais escorregadias.
E o fato é também que sou assim pedante, e pedante que sou gosto de textos longos, incoerentes, cansativos e intermináveis. Gosto de ler folhas e folhas de rascunhos à máquina e então perceber que todas as minhas tentativas de escrita são nada mais que catarse, uma busca infinita de mergulhar em toda a violência de sentimentos que me habita, de expulsar a dor e o desencanto e de me sentir, ao final de tudo, exaurida, nova, purificada.
E aconteceu que dia desses eu estava com a sensação iminente de alguma catástrofe, um aperto tão grande por dentro do coração que a sensação era quase de morte. Ou explosão. Aí eu ouvi Radiohead, escrevi chorei escrevi chorei escrevi chorei até conseguir voltar a respirar. Depois que passa eu percebo o quanto sou dada a rituais. Porque é sempre assim, sempre bem assim. E a música tem que estar no repeat senão não funciona, porque a música não é trilha sonora, a música é mantra e tudo isso faz parte da catarse. Aí, no final do terceiro ato, eu coloco a mão no coração suspiro bem lentamente e começo a rir sozinha. A rir não, a gargalhar de qualquer mínima coisa que aconteça. Aí tudo passa e a vida recomeça. E a quem quiser saber o nome do mal e a cura, eu digo, é assim:
Realismo fantástico.
E apoteose.
(A parte do mar invadindo a casa em cima do morro e o céu arrebentando em raios eu não falo. O que contam pra gente em sonho a gente não revela pra ninguém.)


quinta-feira, setembro 01, 2005

respeitem meus cabelos, brancos

Hoje eu contei 5.
E cada um deles tem nome próprio (e nomes que vivem bem vivos fora da minha cabeça, dá pra entender?), data ou acontecimento específico.
E isso me deixa tãããããão contente.