quarta-feira, novembro 30, 2005

oração final

André,
sentirás falta dos meus comentários. E te arrependerás por não me dares a devida merecência.
Amigos blogueiros,
aproveitem seus computadores enquanto eles têm saúde. É triste demais querer escrever, e o instrumento estar moribundo.


Meu testamento:
Três, ops, quatro mandamentos bááááááááááásicos:
1. Não abrirás arquivos executáveis.
2. Não sobrecarregarás seu amigo micro.
3. Não blasfemarás na frente do monitor.
4. Não farás ameças de violência em vão.
(Ele pode acreditar e resolver-se sozinho. Vide exemplo.)

Adeus.


olha só

Aviso aos navegantes que meu monitor está praticamente subindo no telhado. Agora, nesse momento, escrevo numa telinha espremida com um formato assim meio de ampulheta, com cinturinha, sabe?
Coisa mais bizarra.
Mas que entonces, como tenho muuuuuuuuuitas prioridades dinheirísticas na vida além desse computador infame, assim que ele falecer, Gisinha rezará missas em homenagem a sua alma, e deixará seu blog para um-dia-quem-sabe-quando-o-dinheiro-sobrar-e-ela-comprar-monitor-ou-lépitopi.
("Juuuuuuuura", como diriam os adolescentes aqui do meu prédio.
Ando cheia de citações.)
Wagner,
um computador nasce, outro morre. É a lei inexorável da vida, amigo meu. Aproveite o seu que a infância não volta nunca mais.


terça-feira, novembro 29, 2005

mas que pois então


Pois que eu estou vesga mas ainda assim não consigo dormir e quando penso que o Eddie Vedder está fazendo agora nesse momento um-show-lindo-e-histórico-e-coisa-e-tal bem ali, logo ali, na miiiiiiiiiiinha província, e eu estou aqui, insone no subúrbio mas me dá um ÓÓÓÓÓDIO!!!!!
Poooooooooooooooobre desinfeliz.

Queria, ao menos, um ar-condicionado pra fingir de inverno e dormir de edredom.

(Sucede que a desgraça nunca vem desacompanhada, como dizia minha vó. Quis o destino que a noite estivesse assim, sufocante torturante e minha cama com uma temperatura média de uns 35º, assim por baixo. Coisa bem boa. Espero ansiosa pelo dia de amanhã.)

sábado, novembro 26, 2005

confissões - II

Devo dizer também que estou deveras arrependida de não ter ido ao show dos Strokes e deveras putíssima da cara de não ter 120 dinheiros para ver o Pearl Jam.
Vida bandida.


confissões - I

Tá, eu TENHO que dizer que o Grêmio hoje foi heróico, guerreiro, emocionante, jogo lindo lindo. Primeira vez em anos que eu até consegui esquecer que não gosto de futebol.

sexta-feira, novembro 25, 2005

Tenho me descoberto vaidosa, egocêntrica, megalomaníaca e insuportavelmente mimada. Ouvi duas vezes em menos de 24 horas que não há em mim uma nesga de humildade. Tenho chorado todos os dias de manhã. Não é tristeza, é urgência, urgência de realizações, urgência de ver os sonhos se realizando, urgência de ver projetos aprovados, urgência de ver logo esse ano modorrento e caótico acabar. Meu coração se move em ritmo de reconstrução que vem logo após uma catástrofe. Mas a catástrofe não foi completa a ponto de me fazer avistar deus ou o que quer que esteja além do tangível. Minha respiração não calma, nunca acalma, o ar que entra em mim é sempre violento, compulsivo e sedento. Tento me acalmar ante à idéia que tudo que há em mim não é suficente pra ser absoluto para outrem. Falta. Falta tanto. Falta em mim. Falta ao redor de mim. Falta. Tento também me acostumar com a idéia de que sempre há alguém na frente, sempre há alguém melhor, que eu não consigo ser o que acreditava de mim. Falta. Mas eu sigo, eu vou, em algum lugar eu sei que estará. Em algum momento eu vou descobrir o que é isso que tonteia, que me angustia, que me dá vertigens, que me cega, mas que não me deixa desencantar, mesmo quando nada mais se acredita.


quinta-feira, novembro 24, 2005

Número zero

Por ti junto aos jardins cheios de flores novas me doem os perfumes da primavera.
Esqueci o teu rosto, não lembro de tuas mãos, como beijavam os teus lábios?
Por ti amo as brancas estátuas adormecidas nos parques, as brancas estátuas que não têm voz nem olhar.
Esqueci tua voz, tua voz alegre, me esqueci dos teus olhos.
Como uma flor a seu perfume, estou atado à tua lembrança imprecisa.
Estou perto da dor como uma ferida, se me tocas me farás um dano irremediável.
Não me lembro mais do teu amor e no entanto te adivinho atrás de todas as janelas.
Por ti me doem os pesados perfumes do estio:
Por ti volto a espreitar os signos que precipitam os desejos,
As estrelas em fuga, os objetos que caem.


sobre ontem

Então que ontem foi o dia em que eu quase morri de calor de tarde, passei a noite me revirando na cama sem conseguir respirar de tanto abafamento (não há ventilador de teto que dê conta desse inferno), acordei depois de duas horas mal dormidas de sono, com olheiras, irritação e vontade de chorar.
Quando eu digo que odeio verão, ninguém entende realmente o que isso significa.

terça-feira, novembro 22, 2005

então é natal

[É o que dizem por aí.]


segunda-feira, novembro 21, 2005

resumindo

Descobri Ferreira Gullar, mas não apaixonei.
Meu blog vai fazer um ano.
Ando louca por bebês, crianças, roupinhas, ando sonhando um filho.
[Percebo que é grave quando me comovo mesmo a criança sendo ranhenta.]
Ontem peguei um husky baby no colo, naquele exato momento comecei a gostar de cachorro.
Comentário do dia em todos os lugares em que eu entrava, parava ou passava: "calorão, né?".
Ninguém me deixa esquecer que é verão.
[Eu já disse que ODEIO calor?]
Vi um filme com a Christina Ricci.
Ela realmente poderia ser minha irmã.
[A minha testa é menor.]
Escreverei uma carta antes da meia-noite.
Emagrecerei cinco quilos até janeiro.
Vou conhecer a Mariana Ianelli com o André.
Me convencerei finamente de que não tenho talento para contos, mas direi "e, daí?", e seguirei tentando.
Ontem andei pela beira do rio e achei lindo.
Sinto saudade dos meus amigos.
O dia hoje carrega um desespero em tons de laranja.
Mas a culpa não é minha.


sexta-feira, novembro 18, 2005

o primeiro passo para o fim do ano

Não sei se é sorte ou azar, mas hoje pela primeira vez na vida tentaram me assaltar. E não sei se é sorte ou azar, mas eu reagi contra dois homens, consegui me soltar e gritar. Não sei se é sorte ou azar, mas eu estava com uma máquina de quase mil reais dentro de uma bolsinha, e a máquina NÃO era minha. E não sei se é sorte ou azar, eles resolveram desistir e sair andando, como se nada tivesse acontecido, deixando de brinde meu casaquinho preto rasgado, um hematoma no braço e um ataque de tremedeira que durou quase meia-hora.
De onde se conclui que esse episódio memorável me fez tomar as seguintes resoluções:
1) Jamais morarei no centro.
2) Nunca mais andarei do lado da parede em rua estreita, as chances de ser cercada é maior.
3) Não pegarei máquinas fotográficas emprestadas NUNCA mais na vida.
4) Preciso me benzer.

Gamboa

Pois que eu durmo e acordando sonhando com esse mar.
Pois que a felicidade existe e mora logo ali em cima daquele morro lááááááááá no fundo da foto, tá vendo?
Pois que agora tudo que eu quero na vida é que chegue janeiro que chegue janeiro que chegue janeiro que chegue janeiro que...


sexta-feira, novembro 11, 2005

ascolta

é o maior dos clichês da vida, e é algo brega brega e pretensioso de dizer, mas só os tombos, os maiores, aqueles de ralar braços, pernas, joelhos, de desfigurar a face e arrebentar o coração, só eles fazem a gente acreditar.
O amor, o amor é lindo, é poético, faz versos, sinfonias e aquarelas. O amor existe da mesma forma que existe a necessidade de delírio, de salvação, de desbunde, de céu, de deus. Ou até um pouco menos do que isso.
Mas o amor,
só ele,
não basta, não resolve, não torna nada definitivo. O amor é só o princípio, mas pouca gente sobrevive a ele, pouca gente descobre o que acontece depois de.


histórias curtas

1) É impressionante, eu sei, mas só hoje vi Cidade de Deus. Digo que não é à toa, meu senhor, não é à toa.
2)Tentei ter um fotolog, mas meu rosto ficava vermelho toda vez que a página abria, e eu desisti.
3) Tenho recebido três vezes por dia um cartão do yahoo da biscate que. Não abro porque tem cara de vírus.
4) Decidi que no ano que vem serei rica. E que ninguém me convença do contrário.
5) Estou fazendo uma lista de coisas a fazer quando eu for rica. Mas isso fica pra depois que agora vou na locadora.
6) Estou ficando burra. E aqui não jaz nenhuma figura de linguagem.


quinta-feira, novembro 10, 2005

árvore


Um passarinho pediu ao meu irmão para ser a sua árvore.
Meu irmão aceitou de ser a árvore daquele passarinho.
No estágio de ser essa árvore, meu irmão aprendeu de
sol, de céu e de lua mais do que na escola.
No estágio de ser árvore meu irmão aprendeu para santo
mais do que os padres lhe ensinavam no internato.
Aprendeu com a natureza o perfume de Deus.
Seu olho no estágio de ser árvore aprendeu melhor
o azul.
E descobriu que uma casca vazia de cigarra esquecida
no tronco das árvores só presta para poesia.
No estágio de ser árvore meu irmão descobriu que as
árvores são vaidosas.
Que justamente aquela árvore na qual meu irmão se
transformara, envaidecia-se quando era nomeada para
o entardecer dos pássaros.
E tinha ciúmes da brancura que os lírios deixavam nos
brejos. Meu irmão agradeceu a Deus aquela
permanência em árvore porque fez amizade com muitas
borboletas.


Manoel de Barros, Ensaios fotográficos.


sexta-feira, novembro 04, 2005

pronto


Coloquei meus e-mails em dia, dormi bastante - e sem culpa - nas últimas noites, visitei o André no Margs e lhe devolvi Cds, cortei o cabelo, mandei revelar fotos, vi Doutores da Alegria, inscrevi meus contos no concurso da Feira do Livro, comprei uma bolsa nova, um vestido lindo, uma pulseira e três livros na Feira:

Mafalda Inédita
Poemas de Emily Dickinson
Cadernos de Literatura - Hilda Hilst

(os dois últimos nos balaios.)

Pois que percebo - nesses pequenos grandes do cotidiano - que a vida volta calmamente a andar no seu ritmo. E que a turbulência dos ventos que entontecia o espírito agora se acalma, se apraz, se contenta e traz de volta a calmaria, ainda que sempre temporária.