segunda-feira, maio 28, 2007

sabe cansada?
pois é.
nenhuma palavra descreve melhor quando o corpo e o coração já não têm mais fôlego pra grandes epopéias. cansada de se bater contra muros, cansada de rasgar o peito às enchentes, cansada de arrastar todos os dias cinco toneladas de sonhos pela rua.

sexta-feira, maio 18, 2007

impressionante como nas coisas e seres que habitam essa casa a vida segue uma estranha lógica. parece uma constatação esquizofrênica, e não é não, pois que a prova é que o gato, eu e o computador(!) funcionamos do mesmíssimo modo: surtos, histeria e desfalecimentos súbitos seguidos de uma manhã calma que faz tudo voltar a normalidade como se jamais houvesse deixado de ser assim.
como a vida é simples, ô deus.
experimente então ouvindo b.b. king.

domingo, maio 13, 2007

moon pix

momento de reafirmar amores pelos meus e descobrir um tédio absoluto pelo restante das pessoas. talvez tenha sido o olhar que ficou menos generoso ou talvez porque seja tamanha a preguiça de passear pelos recônditos alheios até encontrar os diamantes. chata (as)sim, diminuíram por hora os sorrisos e tenho a exata medida do quanto é preciso de constância pra seguir me tendo amor. só permanece quem cá habita, o resto (se) cansa, e eu jamais culpei ninguém por isso. sem grana, sem paciência, e absolutamente enjoada dos lugares mesmos e das mesmas caras moderninhas desfilando seus all star(es), ultimamente só saio de casa depois do pôr-do-sol por amor. além disso, descobri que vaidade intelectual me cansa e nada no mundo me dá mais medo do que pessoas cantando de olhos arregalados. ou talvez seja só uma necessidade louca de férias que já começa a dar sintomas de surto: cat power no repeat, chocolate no almoço e fixação pelo uso de parênteses.
essa noite, ele disse, vou ficar ouvindo a chuva.
(achei bonito.)

terça-feira, maio 01, 2007

maio



cem anos de solidão não estavam nos meus planos, mas chegou vendaval varrendo tudo que existia por perto. chorei durante dois dias depois da chuva de minúsculas flores amarelas, a verdade é que as palavras exercem em mim um domínio messiânico. nessa vida cotidiana e ao avesso nada mais está onde estava antes, e é difícil se acostumar a nova ordem, eu que tanto tempo acreditei na divisão do meu mundo entre o amor e o desencanto, agora tento me acostumar com o caleidoscópio que são meus afetos, e passo muitos dias sendo feliz, apesar de algumas manhãs em que acordo numa cólera capaz de paralisar o mundo, e seria, se eu na verdade não fosse tão insignificante diante de tudo que há em volta. melhor assim, que mesmo na insignificância de quem não tem poder algum sobre os delimites do mundo faz nascer ao menos duas estrelas por ano no céu, eu sei que sim, e sei exatamente os momentos, quando a vertigem toma conta e é tamanha a boniteza que nada mais resta a não ser explodir em cinco milhões de partículas prateadas. tenho descoberto importantes coisas sobre mim, entre um intervalo longo de silêncio e outro: ao menos duas horas do meu dia passo delirando dentro de um ônibus, e não há solidão mais esclarecedora do que o silêncio. importantes coisas que não modificariam a existência de pessoa alguma a quem se as revelasse, e que por isso mesmo restam dançando no carnaval infinito dos meus delírios, mas que me acalmam a respiração e me salvam um pouco das blasfêmias e da correria inconsciente em busca de algo que nunca cheguei a saber o que era. dizendo assim parece simplesmente calmaria, e não é tão calmo assim, não é. mas algo mudou, e talvez seja tão simplesmente porque é chegado o tempo dos plátanos.

post scriptum

eu já disse que adoro outono?