sábado, maio 28, 2005

A queda

Filme do mês:

Um magnífico ator, desses que não se faz mais no mundo.
Fora todo o resto,
o que não é pouco.

Tem uma crítica aqui, pra quem quiser.
Não é das melhores,
mas é o que achei.
Fora a bobagem de dizer que Hitler era um homem pouco impressionante, o resto vale a pena.



Música do final de semana:
Writing to reach you, Travis.



sexta-feira, maio 27, 2005

Prefácio

Assim é que elas foram feitas (todas as coisas) -
sem nome.
Depois é que veio a harpa e a fêmea em pé.
Insetos errados de cor caíam no mar.
A voz se estendeu na direção da boca.
Caranguejos apertavam mangues.
Vendo que havia na terra
dependimentos demais
e tarefas muitas -
os homens começaram a roer unhas.
Ficou certo pois não
que as moscas iriam iluminar o silêncio das coisas anônimas.
Porém, vendo o Homem
que as moscas não davam conta de iluminar o
silêncio das coisas anônimas -
passaram essa tarefa para os poetas.
(Manoel de Barros)


Por todas as coisas que adivinho em você
Pelas que amo
E mesmo assim continuo a desconhecer.
Adivinhar beleza sem ver,
é acreditar de olhos fechados.
E isso,
é pura poesia.



terça-feira, maio 24, 2005

Eu vi

I - Tem uma gata no cio aqui na rua que passa a noite "fazendo amor" embaixo da minha janela. Ela geme, EU JURO, igualzinho a uma mulher. Acordei umas três vezes achando que algo muito insólito estava acontecendo. Agora, imagino uma mulher gemendo pra lua cheia deitada nua entre as folhagens. Algo totalmente Roque Santeiro. Eu escolheria a Cláudia Raia.

II - Abriu perto da minha casa um boteco chamado Mauricio's Beer.

III- Tem uma mulher na minha turma de hidro que disse assim: "Eu vi a Gisele Bündchen linda num HOT-DOOR ."
Que coisa, eu respondi.

quinta-feira, maio 19, 2005

(...)ele explodiu o céu e cuspiu mil estrelas no meu corpo cansado, como uma promessa selada há dez mil anos atrás.


Achei isso TÃO lindo.


(Roubado da Paula, assim, sem avisar.)

quarta-feira, maio 18, 2005

Vai começar assim

A Maria tinha dito pro Naná que não era assim que as coisas funcionavam, e que ele tinha que aprender a ter um pouco mais de calma - afinal, não era de um dia pro outro que ele aprenderia a não pisar no dedinho dela quando dançavam. E o Naná, o Naná bem que estava se esforçando, já quase nem morria de vergonha de ir todas as terças e quintas pra aula de dança de salão com a Maria. As coisas que a gente faz antes de casar, ele pensava. Porque o sonho do Naná, o sonho do Naná mesmo, era casar com a Maria.





daqui. de cá

Eu vejo agora, diante de mim, umas duas ou três possibilidades de vida.
Das que eu quero pra mim, não das que são pros outros.
E queria tanto, mas tanto, mas um tanto assim enorme desse tamanho que uma delas se concretizasse, qualquer uma das duas ou três possibilidades de vida que eu vislumbro agora.
Queria tanto.
O problema, o real problema é ter de desviar.
Mas eu não vou, não posso, não quero nunca mais procurar felicidade no quintal de nenhuma outra pessoa que não seja eu.
Eu não vou.
Eu não vou.
Eu não vou.


(Repita o refrão todos os dias de manhã.
E cante pra chuva quando ela chegar.
Porque chuva é sempre bom sinal.
Até quando não.)



terça-feira, maio 17, 2005

vam'bora.

ex-machina

Se deus aparecesse agora na minha frente,
e me perguntasse o que eu queria assim mesmo da minha vida, nesse exato momento.
Eu nem diria viver de teatro, viajar o mundo ou ser rica rica rica.
Eu diria assim,
nesse momento,
e talvez me arrependesse um instante depois:
Eu queria ter talento pra escrever muito, sempre, o tempo inteiro, e lindamente.
E eu queria passar a vida escrevendo histórias.
Simples assim.



Eu vou começar a ler o Jogo da amarelinha, do Cortázar, que está me parecendo a leitura do século.
Mas ele é tão velhinho que cada vez que sai da prateleira traz de brinde uma comunidade inteira de ácaros, e um longo ataque de espirros (em mim, por óbvio)
(...)
Eu ando precisando comprar:
Casaquinhos de outono.
Um tênis vermelho.
Dvds, vários.
Uns dois ou três livros.
Uma impressora nova.
Um técnico pra deixar meu computador limpo e instalar Windows XP.
Um gravador desses de jornalista.

Mas antes disso,
estou tratando de ficar rica.
Um dia eu consigo, mas ah que sim.
Porque eu sou Scarlet O'Hara.
E minha filosofia de vida voltou a ser:
Jamais sentirei fome novamente.



Diva

Escrevi um conto chamado Diva.
A minha menina dos olhos.
Orgulhosa é pouco,
ainda que ninguém mais além de mim gostasse.


sábado, maio 14, 2005

Atenção ao Sábado







terça-feira, maio 10, 2005

das músicas,

Eu gosto de ouvir Nina Simone pra me sentir inteira, sem remendos de alma.
De Elis Regina pra sorrir chorando.
De Radiohead pra ter sensações místicas e arrepios e algo que parece querer transbordar de tão grande.
De Smiths pra ter aquela felicidade ingênua e nostálgica de algo que eu nunca vivi.
De Belle & Sebastian pra sentir alegria fininha.
De Lô Borges para adorar as manhãs.
De Mazzy Star pra fechar os olhos e ter necessidade desesperada do escuro.
De Cordel do Fogo Encantado pra escancarar todas as janelas e deixar o sol invadir tudo.
Eu tenho necessidade de música como quem precisa lutar para nunca, nunca se abandonar.



E é assim mesmo, eu abandono o blog e depois volto, derramando água por todos os lados.


em tempo

Ouvir a Nina é estar novamente em casa.


Eu tô ouvindo agora a música que a Julie Delpy ouve e canta junto imitando a Nina Simone, no filme que é a continuação de Antes do Amanhecer (juro por deus que esqueci o nome).
E daí eu penso que sim, aquele filme é muito bom.
Eu é que sou meio implicante.



segunda-feira, maio 09, 2005

Vai chegar o dia em que um espírito Columbine vai se apoderar de mim e eu entrarei numa call center da Vivo, farei um discurso em nome de todos os clientes que são diariamente tratados como idiotas e atormentados com musiquinhas intermináveis e incompetência completa e absoluta, recitarei trechos do Apocalipse, e, logo em seguida, assassinarei a TODOS, indiscriminadamente.
Depois disso, posso morrer sorrindo.



domingo, maio 08, 2005

Eu quase não vejo imagens.
Dessas que se fecha os olhos e estão ali, a desenhar-se.
Eu vejo sons, fantasmas e palavras.
Muitas, infinitas palavras.
E eu já não sei se sou assim.
Ou se assim eu me inventei.



Quando eu li esse livro pela primeira vez, e entrei numa vertigem violenta e definitiva de paixão pela Clarice Lispector, eu tive a certeza intuída que nesse livro eu encontraria as respostas pra toda a escuridão e toda a claridade que viesse a vislumbrar durante a minha vida.
E assim foi.

Agora subitamente compreendia que o amor podia fazer com que se desejasse o momento que vem num impulso que era a vida... - Sentia o mundo palpitar docemente em seu peito, doía-lhe o corpo como se nele suportasse a feminilidade de todas as mulheres.
Silenciou de novo olhando para dentro de si. Lembrou-se: sou a onda leve que não tem outro campo senão o mar, me debato, deslizo, vôo, rindo, dando, dormindo, mas ai de mim, sempre em mim, sempre em mim.
(Lispector, Clarice. Perto do coração selvagem)




Porque eu tenho tanto imenso medo de ser confessional.
Porque se alguém enxerga uma fresta do nosso avesso,
não existe mais possibilidade nenhuma de salvação.
Ainda que isso possa ser (e tantas vezes é) sublime.



E eu penso assim, bem baixinho, com receio tamanho de ser escutada por alguém:
Porque não, o amor não é problema.
O problema somos nós.
Irremediável sempre foi mesmo uma das minhas palavras prediletas.



domingo II

E toda essa tristeza que eu não nunca jamais conseguirei tirar dos teus olhos.


domingo

Acordar tristíssima
Ressaca de leve
Feliz dia das mães
Fazer torta de bolacha
Comer muito no almoço
Passar MUITO mal
Tomar chá de boldo (bleeergh)
Passar mal de novo
Passar mal a tarde toda
No espelho, minha cor: Amarelo
Tentar comer um pedaço da torta
Quase ter um troço.
(meu fígado e meu estômago estão de complô)
E agora que estou melhor deu vontade de cerveja.
Mas eu não posso.


Mas tem o Fantástico.
Acho que isso salva meu domingo, né Márcia?

sábado

Chuva
Frio(zinho)
Quase assassinar a vendedora da Vivo até que, aleluia, meu celular novo e lindo começasse a funcionar deveras
Faltar ensaio (eu não presto)
Comprar presente de aniversário na feirinha de artesanato do gasômetro
Comprar lenço azul lindo
Cabelos arrepiados da chuva
Comer sushi do Zaffari (poooooobre) sentada no Chafariz do Guion (em volta do chafariz, seria a expressão correta. Porque não rola mesmo de sentar NO chafariz. Céus, que coisa mais infame. Fecha parênteses.)
Entrar na Azul Cobalto, apaixonada pelo casaquinho da vitrine, e ouvir da menina bem normal assim: "custa 330 reais". E sentir-se mais pobre ainda
Ir pro aniversário
Não comer o bolo
Malzbier
Cerveja Original (amo)
Mais cerveja
Cerveja ainda
Milhares de cigarros
Encontrar a ex-chefe e abraçar muito muito
Última cerveja
Fila no pé palito
Sair da fila do tal de pé palito que eu nunca na vida vou conseguir entrar
Mandar mensagens e mensagens pra gastar os torpedos "de grátis"
Sangria (a bebida, evidentemente)
Bebedeira
Sair pra rua
E todo mundo parece verde.


domingo, maio 01, 2005

Eu tinha escrito um post sobre a raiva, a repulsa, o nojo que eu senti hoje ao ler a coluna da Martha Medeiros na Zero Hora.
(E porque porque porque porque eu ainda faço isso?)
Mas eu fui publicar e perdi.
Lindo assim.



Hoje é dia do trabalho.
Que ironia.


Um nó na garganta, uma angústia tão grande, uma sensação tão esquisita, tão única, tão diferente de tudo que já se sentiu, daquelas que não há palavra, música ou cor que as possam definir.
E essa tendência insuportável de procurar dramaticidade em tudo, de olhar para as coisas com aperto no coração e olhos de adeus e sentir-se assim, atriz emocionada num teatro sem platéia.
E amanhã, sim, amanhã vem o grande silêncio e todas as infinitas possibilidades que eu procuro procuro e sim, eu não vou deixar de acreditar que elas realmente existem e não são mais uma mentira de papai noel.
E tá,
eu ia começar falando da saudade do que foi, do que nem chegou a ser, do que pensei e do que sei lá que mais.
Mas a música mudou,
e chega de drama.
Agora começa a festa.
Acabo de decidir.