sexta-feira, junho 30, 2006

espalhadas pelo ar

Abrindo portas virtuais que não sabe direito onde vão dar.
Olhando pela janela e assistindo escurecer sem ter exatamente certeza de.
Buscando algo de luminoso perdido entre uma manhã e um vestido.
Procurando surpresas, tomando sustos de parar o coração
desconhecendo pessoas
e amando outras.


(e eis que um dia eu encontro por aí coisas que nem mais reconhecia como minhas, pois que tudo que se é nunca mais deixará de ser, irremediável como gritos de temporal)

quinta-feira, junho 29, 2006

I am a bird


Foi lendo uma resenha da Bravo que tive uma curiosidade louca de ouvir a voz desse ser que transita entre a estética de Boy George e a força da voz de Nina Simone (é impressionante a semelhança em alguns momentos), e eis que tive das melhores surpresas dos últimos tempos. Músicas lindas, arranjos delicados, uma voz doce e melancólica que me fez sonhar a noite inteira com pássaros falantes, um avião passeando por uma grande avenida ao lado do metrô e corridas alucinadas por ruas intermináveis de casinhas de madeira.

quarta-feira, junho 28, 2006

(...)

e não é por falta de mim que tenho andado longe desses lados de cá: Estou mais em mim do que jamais estive e isso é tanto bom quanto desesperador, aprender a tocar seus próprios olhos, entender seus próprios silêncios, ter em si um prolongamento em direção ao outro, mas sem processos loucos-simbióticos. Recebi três lindas cartas nos últimos dias. Passei uma tarde inteira ouvindo vento na rua debaixo dos edredons. Estou lendo Lolita, algo loucamente barroco. Decidi passar férias em Portugal. Sonhei três noites seguidas com infinitudes de águas. Isabel chega em julho e julho é meu aniversário.
Sim, acho que 25 anos talvez seja um bom (re)começo.

domingo, junho 11, 2006

depois

foi um abrir de jasmins em flor
outono de esparramados suspiros
e desejosas profundidades
foi um nascimento de estrelas
em delirantes constelações
e uma alegria crianceira
de águas dançantes e cristalinas
foi um inaugurar de mundos
de verbos tortos
de novas palavras
de amores reinventados
foi uma imensidão de azuis
em amanheceres de lua nova
foi um aceitar calado
entender ao avesso
acreditar eterno
fechar os olhos em momentos
de invasão de infinitas claridades
foi um bem sentir inaugurado além de qualquer equívoco
foi um imenso e definitivo sim
para a vida a poesia
todas as fantasias de amor
e o que mais existir além.


e é assim, bem assim que é.

sexta-feira, junho 02, 2006

do amor e outros demônios

"Ela lhe perguntou num daqueles dias se era verdade, como diziam as canções, que o amor tudo podia.
- É verdade - respondeu ele -, mas será melhor não acreditares."

Gabriel García Márquez,
Do amor e outros demônios