terça-feira, julho 26, 2005

tantotantotantotantotanto
quevaiexplodirpraforademim
eeuabrireitodasasportasefrestasecantosjanelasdessacasa
esaireivoandocantandopulandogargalhando
porquetemtantafelicidadeetantabelezaetantoencantoetantamúsica
quenãotemespaçodentrodemimparatanto
Temalguémsolandoumaguitarradentrodomeuestômago
Temalguémfazendocócegasnomeusorriso
Temumaluzamarelanoar
eétãoinacreditavelmentelindo.




segunda-feira, julho 25, 2005

nina e as violetas

Tinha um frescor de lírios no modo como ele fechava os olhos para sorrir.
Tinha um quê de pêssegos no jeito dela piscar os olhos para olhar algo com mais atenção.
Tinha uma amora bem gorda quando ela adentrou o jardim, prestes a girar de tanto não acreditar.
Tinha um sonho de jasmins no instante em que a menina virava-se para cantar antes de dormir.
Tinha um imenso de amor no modo como a mãe dizia vai dar tudo certo filhinha, e a filhinha acreditava que sim.
Tinha uma violenta esperança nas vezes em que ele olhava para o céu e pedia às cores do pôr-do-sol que lhe trouxessem algo pelo qual pudesse novamente esperar.
Tinha uma lenta espera nas vezes em que ela olhava fixo para a terra e pedia algum tremor capaz de lhe fazer correr gritar rodopiar fechar os olhos
Houve um compasso de valsa no momento em que ela entrou na sala logo após o pôr-do-sol, afastou os móveis, escancarou as cortinas, abriu os braços para girar, e em que ele então entendeu que precisava fechar os olhos, apagar as luzes e esperá-la. Sorrir.

domingo, julho 24, 2005

eu me envergonho

Post péssimo e devidamente deletado.
Porque às vezes rola muito constrangimento por esse blog de meu deus.
Quer uma coisa muuuuuuuuito legal?
Vai .


retrato


Quando menino encompridava rios.
Andava devagar e escuro - meio formado em
silêncio.
Queria ser a voz em que uma pedra fale.
Paisagens vadiavam no seu olho.
Seus cantos eram cheios de nascentes.
Pregava-se nas coisas quanto aromas.

quarta-feira, julho 20, 2005

Hoje vi uma mulher fazendo tricot e eu quis tanto que aquilo que ela estava fazendo fosse pra mim.
Eu não preciso de muito pra voltar aos cinco anos.
E isso,
está mui longe de ser ficção.


seria sobre doris, não fosse sobre mim

Mas não dá, eu não consigo, eu não consigo eu não consigo.
Eu me perco eu me desconcentro eu não tenho tanta certeza assim e aí eu sonho sonho e me perco horas a fio desejando tudo e eu não me concentro no que está aqui, bem na minha frente tomando dimensões de futuro, ainda que próximo, não desses futuros que são pra sempre, só um futurinho assim, só pra daqui a pouco. Entende, sweet? Era o que dizia aquela menina verde que eu conheci lá por 2000 e alguma coisa, numa época em que eu andava por aí de sapatos azuis confundindo todas as palavras. E ela dizia assim, a menina verde, dizia entende, sweet? mas aquilo soava tão bonitinho e todo mundo respondia sim, eu entendo, mas ninguém na verdade entendia nada. É fácil fingir-se de inteligente e bom entendedor e eu nesse quesito sou excelente, eu engano muito bem de esperta, mas na verdade eu sou bobinha bobinha. Como todos os que.
E tinha outra menina também, uma que só falava japonês e a gente conversava pelo dicionário e ela um dia abriu uma pasta com as pinturas, e puta-que-pariu as coisas que a menina pintava eram de rasgar o coração, eram lindas lindas apoteóticas e eu tinha vontade de chorar de abraçar de dizer mas a gente não sabia de TUDO isso mas me senti envergonhada de não ter enxergado TUDO aquilo de tão imenso que habitava aquela menina de quem nunca ouvi uma palavra que eu pudesse entender. E teve um dia que eu precisava que ela reagisse de qualquer maneira reagisse e estávamos na beira de uma praia lá bem longe e eu cantei uma canção de ninar em japonês, veja bem, eu realmente sei cantar UMA canção de ninar em japonês e eu disse: Yayoi e cantei e ela deu um grunhido um sorriso algo estranho mas eu cantei a musiquinha e ela ficou feliz e fim.
E tá, no meio de tudo isso - eu ando tonta mesmo - o que eu queria realmente realmente contar é que encontrei a Doris Lessing na esquina mais esquecida da minha estante. E o nome do livro é assim simplesmente Roteiro para um passeio ao inferno. E o que eu digo, ah isso sim eu digo, é que sempre tem algo que vale a pena. E ela vale a pena. E ele vale a pena. E tantos eles e elas que valem a pena.
E queria dizer também -
a verdade espantada -
que quem tem medo, na verdade, sou eu.
Mas isso sempre foi evidente,
não?


segunda-feira, julho 18, 2005

para que meu amor nunca sinta medo

Faz de conta que o mar está logo ali
e que é só abrir a janela pra sentir a maresia
Faz de conta que os dias todos são fantásticos
e que há um abrir-se de flor
em cada manhã que começa
Faz de conta que fechar os olhos e sonhar
sempre traz
ao menos
um sono bom
Faz de conta que sorrir
é inevitável
e que chorar
é só poesia
Faz de conta que tudo que se ama
está sempre perto, ao alcance de um abraço
Faz de conta que todo mundo é tão bonito
e que é só mostrar um recorte de cor
pra entender toda a pintura
e o que existir além dela
Faz de conta que toda música arrepia
e que todo desejo resulta
em explosão
Faz de conta que todo azul
é possível
e que existem infinitas possibilidades
de transbordar em aleluia
Faz de conta que intervalos
são só caminhos te levando para
algum lugar
incrível
Faz de conta que a vida
é só pensar colorida
que colorida ela ficará.
Faz de conta que sim.
E será.

sábado, julho 16, 2005

Tá, passou a infância.
Dessa semana.

o sábado de dona maria

Tinha uma lagartixa no meio da estrada por onde queria passar Maria Pé de Feijão Branco. Ela - a dona maria - tinha decidido passar o sábado na casa da melhor amiga que tinha prometido fazer bolo de cenoura cheiroso; e ela - a lagartixa - tinha decidido comprar um rabo de uma nova cor, andava se achando meio pálida.
Encontraram-se as duas no meio da estrada, e se olharam sérias. Dona Maria Pé de Feijão Branco pensava se deveria correr, gritar ou continuar olhando nos olhos da outra. O que a lagartixa não sabia - e nem deveria saber - era que Dona Maria Pé de Feijão Branco tinha medo-pavor-terror-apavoramento de lagartixas. Mais do que tudo no mundo.
A lagartixa, por sua vez, olhava fixo nos olhos de Dona Maria Pé de Feijão Branco, e pensava lá com ela se deveria entrar pelo bueiro, subir por uma árvore ou fingir-se de morta. Pois o que Maria Pé de Feijão Branco não sabia - e nem deveria saber - era que a lagartixa tinha medo-pavor-terror-apavoramento das pessoas, especialmente as mulheres grandes e redondas. Mais do que tudo no mundo.
O que aconteceu depois disso eu não posso contar - fiz promessa pra dona maria. Mas o que eu posso contar é que Dona Maria Pé de Feijão Branco não comeu bolo de cenoura naquela tarde. E que a lagartixa continua desfilando por aí com o mesmo rabinho pálido.
E que Dona Maria contou pro seu João que tinha visto uma lagartixa do tamanho de um crocodilo. E que a lagartixa contou pra mãe dela que tinha visto a maior mulher do mundo inteiro, e que ela tinha olhos de terrorista.
De onde se conclui que todo mundo mente um pouquinho quando conta uma história.
Fácil, né?


quinta-feira, julho 14, 2005

dona maria

E como a vida não é nada previsível mesmo, eu, que nunca tive vontade ALGUMA de ser professora, darei minha primeira "aula" de italiano amanhã. E nervosa nervosa com uma revoada de pássaros brancos dançando dentro do meu estômago.
E ando feliz da vida com esses dias de sol e já nem sinto tanta falta assim do inverno que não veio. E tenho estado calma, apaziguada, um tanto enjoada de mim, mas na maior parte do tempo conseguindo me suportar bem.
E hoje vi um filme lindo chamando Seabiscuit, e fiquei sonhando em ter um cavalo com olhos bem impressionantes.
E tenho sonhado também em escrever um livro para criança. Mas não livro para crianças, assim no plural. Eu queria escrever um livro e ilustrar e colorir bem bonito e dar de presente a uma criança. Quando eu era uma, eu sonhava em ter um livro que fosse feito só pra mim.
E aconteceu que dia desses inventei uma moça chamada Maria Pé de Feijão Branco. E ela se apresenta assim:

Eu sou Maria Pé de Feijão Branco.
E eu não sei o que cozinhar de almoço
sem que algum engraçadinho
me arranje algum
trocadilho.

(Trocadilho é quando pegam o que a gente é,
e fazem brincadeira com algo que a gente não gostaria de ser,
mas cujo nome é parecido.)

Minha família é composta por:
Meu pai: Juarez Ombros Caídos tal Folha de Bananeira
Minha mãe: Joana Cabelos de Milho em Boa Safra
Minha irmã: Mariana Nariz de Batata Doce
Meu irmão: Pedro Dedos de Caramelo Queimado
Meu marido: João Olhos de Couve-Flor

E eu tenho essa barriga assim
redonda
pra avisar a todo mundo
que logo minha filha
vai nascer
e se chamará
Marina Linda como um Girassol.

E acabar-se-á a sucessão com muita dignidade.

(Dignidade é quando a gente só olha pra baixo,
pra acompanhar cortejo de formiga
ou não cair em nenhum buraco.)

segunda-feira, julho 11, 2005

aniversário


Invado o blog da minha mãe para dedicar-lhe um poeminha:

Sou o gatinho ronroninho
E gosto de brincar com meu fiozinho
Sou blasé, gordinho e muito rabugento
Mas ela me ama apesar de todos os meus defeitos
Em dias de sol ela coloca minha cama na janela
E diz que eu fico mais douradinho que o sol
No inverno ela levanta à noite para me cobrir,
deixa meu nariz de fora pra que eu consiga respirar bem
e me chama de nenê, mesmo eu sendo já meio velhinho
Minha mãe é estabanada,
fala alto demais
e quando dança na sala eu tento morder
seu calcanhar.
Na janela do quarto dela,
eu passo tardes inteiras camuflado
esperando os passarinhos
que vêm
beber água.
(Mas ela me ensinou que se eu pegar um passarinho
vou a julgamento
e tenho poucas chances de perdão.)
Minha mãe lê livros que são ótimos de deitar em cima
e uma vez cantamos juntos
uma música
da Björk.
Eu sou o gatinho ronroninho
e a coisa que eu mais gosto no mundo
é afofar bem o casaquinho antes
de dormir.


Esse é o meu primeiro poema
Eu também tenho uma música-tema
mas essa eu tenho vergonha de cantar.
Espero que a minha mãe goste da surpresa.
Tchau.

sábado, julho 09, 2005

A impressão de que se conseguisse manter-se na sensação por mais uns instantes teria uma revelação - facilmente, como enxergar o resto do mundo apenas inclinando-se da terra para o espaço. Eternidade não era só o tempo, mas algo como a certeza enraizadamente profunda de não poder contê-lo no corpo por causa da morte; a impossibilidade de ultrapassar a eternidade era eternidade; e também era eterno um sentimento em pureza absoluta, quase abstrato.
Ganha uma tulipa - dessas sobre as quais a moça da foto está chovendo - quem descobrir quem escreveu isso.
Ganha uma tulipa - dessas sobre as quais a moça da foto está chovendo - quem descobrir qual a exata cor do dia de hoje. Qual a exata cor de um sábado como esse.
Ganha uma tulipa - dessas sobre as quais a moça da foto está chovendo - quem me contar qual a palavra mágica que faz um momento bonito suspender-se no ar, como borboleta.
Ganha uma tulipa - dessas sobre as quais a moça da foto está chovendo - quem conseguir me ensinar como se organizam as palavras e as vontades e os medos e as possibilidades e como se faz para não deixar que nada no mundo brinque de deus com uma pessoa que acha-que-tudo-é-grande-ou-pequeno-demais.
Ganha uma tulipa - dessas sobre as quais a moça da foto está chovendo- quem acreditar que eu conheço um beija-flor igual a uma vaquinha, e que dia desses ele entrou pela janela do quarto, passeou pela sala, saiu pela janela e sentou na folha da árvore, se matando de rir.

Choveu que amarrotou
Foi tanta água que meu boi nadou.

Porque o Lirinha pra mim é gênio.
E se meu coração não explodiu no show de quinta,
resiste agora a qualquer coisa.

quinta-feira, julho 07, 2005

vespertine

Descobri agora
que entre o branco e o cinza
eu prefiro o prateado.

quarta-feira, julho 06, 2005

três vezes ai

MEUDEUSDOCÉU, tem show do Cordel do Fogo Encantado amanhã e eu só fico sabendo disso agora??????


terça-feira, julho 05, 2005

Utilidade Pública

O dia oficial é 11, mas eu sou Garfield e não saio de noite na segunda-feira. E nem ninguém mais agora no inverno. Só querendo muito. Mas tá, chega de enrolar.
E então que vos convido oficialmente a dançar, ouvir música muito da boa e tomar umas biritas chiques (ou nem) comigo. Sem parabéns que a música alta não deixa, eu não gosto, é brega e dá azar. E sem bolo também, a coisa mais sem cara de aniversário.
É meio caro, euuuuuu seiiii.
Mas é o que temos para o momento.
E a festa vale a pena!!!!!!
E por favor, APAREÇAM que senão eu me sinto pequena, sem amigos, sem importância, sem amor.
(Apelando.)
Serviço:
O quê: Festa Pulp Friction
Quando: Sábado, 09 de julho
Onde: Ocidente
Horário: A hora que quiser chegar.
(Só não conta chegar vesgo depois das três da manhã.)
Quanto pesa: 15 reais, valendo uma ceva

É isso!
Estarei lá.
E dias melhores virão.
Amém para todos.

segunda-feira, julho 04, 2005

04 de julho


E não sei se porque hoje eu revi As horas, e se porque esse filme vira meu espírito ao avesso e me faz sentir com as vísceras expostas no meio da rua, ou se porque depois disso nada mais aquieta meus sentidos, e não há música que me satisfaça, não há som da rua que me acalme, não há livro que faça cessar esse desespero pálido, não há começo de frase que me faça ter vontade de seguir escrevendo, não há tristeza suficiente que me faça chorar até ficar vazia, não há convicção que me faça ter vontade de seguir por essas ruas de pessoas estranhas por que decidi caminhar.
Não sei se porque fui mimada demais, amada demais, segura demais, e tenho uma força que não sei de onde brota quando me machucam o estômago, mas em outros tão bobos sucumbo fácil, tão fácil. Não sei se porque excessivamente melodramática, não sei se porque criança de cinco anos me torno quando sinto que não, é alto demais pra mim.
E não sei se porque em momentos tantos queria a proeza de ser assertiva, reta, objetiva, sem tantas e tantas curvas e tantos e tantos ângulos, e às vezes eu queria que esse excesso de tudo em mim não acabasse por quase me consumir de tanto.
Não sei se porque minha mãe fala "o gato me arranhou e quase me matou" e eu acredito nela porque sei que sim, às vezes arranhões quase me matam também.
Não sei se porque hoje chovia muito e o menino bonito não voltou do banho de chuva.
Não sei se porque hoje meu quarto vazio e nenhuma estrela desatenta pra me fazer acender os olhos.
Não sei se porque ela canta I want to be a good woman, e eu também.
Não sei.

sexta-feira, julho 01, 2005

Porque o que transborda se espalha pelo chão, entra por dentro da terra, forma uma flor flutuando no infinito e uma estrela enraizada no céu.

eu senti alegria funda funda,
e vim correndo escrever pra não perder.
mas quando cheguei aqui tinha passado,
E restado só o piano ao fundo.